Rui Barbosa |
Ha ganado la reputación como orador, fue abogado y periodista y defensor de las libertades civiles y fue por dos veces candidato a la presidencia de la república.
Estudioso de la lengua portuguesa, presidió la Academia Brasileira de Letras después de la muerte de Machado de Assis. En 1907, representó a Brasil en la Segunda Conferencia Internacional de la Paz de haya y, al final de su vida, fue elegido Juez de aquella Corte Internacional.
La casa donde vivió desde 1895 hasta 1923, año de su muerte, fue adquirida en 1924, con todo su contenido por el gobierno brasileño. Desde 1930, es el Museo Casa de Rui Barbosa, que mantiene los muebles y objetos de la familia, la biblioteca de Rui y su amplia produción intelectual, reunida en archivos.
Cabe a la Fundación Casa de Rui Barbosa administrar ese patrimonio, además de promover y publicar estudios e investigaciones sobre la labor de su patrón.
Uno de sus poemas:
SINTO VERGONHA DE MIM
Sinto vergonha de mim
por ter sido educador de parte deste povo,
por ter batalhado sempre pela justiça,
por compactuar com a honestidade,
por primar pela verdade
e por ver este povo já chamado varonil
enveredar pelo caminho da desonra.
Sinto vergonha de mim
por ter feito parte de uma era
que lutou pela democracia,
pela liberdade de ser
e ter que entregar aos meus filhos,
simples e abominavelmente,
a derrota das virtudes pelos vícios,
a ausência da sensatez
no julgamento da verdade,
a negligência com a família,
célula-Mater da sociedade,
a demasiada preocupação
com o 'eu' feliz a qualquer custo,
buscando a tal 'felicidade'
em caminhos eivados de desrespeito
para com o seu próximo.
Tenho vergonha de mim
pela passividade em ouvir,
sem despejar meu verbo,
a tantas desculpas ditadas
pelo orgulho e vaidade,
a tanta falta de humildade
para reconhecer um erro cometido,
a tantos 'floreios' para justificar
actos criminosos,
a tanta relutância
em esquecer a antiga posição
de sempre 'contestar',
voltar atrás
e mudar o futuro.
Tenho vergonha de mim
pois faço parte de um povo que não reconheço,
enveredando por caminhos
que não quero percorrer...
Tenho vergonha da minha impotência,
da minha falta de garra,
das minhas desilusões
e do meu cansaço.
Não tenho para onde ir
pois amo este meu chão,
vibro ao ouvir o meu Hino
e jamais usei a minha Bandeira
para enxugar o meu suor
ou enrolar o meu corpo
na pecaminosa manifestação de nacionalidade.
Ao lado da vergonha de mim,
tenho tanta pena de ti,
povo deste mundo!
'De tanto ver triunfar as nulidades,
de tanto ver prosperar a desonra,
de tanto ver crescer a injustiça,
de tanto ver agigantarem-se os poderes
nas mãos dos maus,
o homem chega a desanimar da virtude,
A rir-se da honra,
a ter vergonha de ser honesto'.
Rui Barbosa